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Worship – Tecnologia ajuda, mas não faz milagre

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Uma falsa ilusão ronda as bandas e músicos, uma crença de que basta adquirir um instrumento ou cabo melhor e todos os problemas estarão resolvido, inclusive a pouca técnica e conhecimento parecem se resolver comprando novos equipamentos.

Equipamentos ajudam…

Existem equipamentos de baixa qualidade e sobre isso não há quem discorde, não tem muito o que fazer. Não dá para fazer milagre com aquele violão Gianinni ou Tagima de 200 reais, com aquela caixa de 100w que custa 300 reais ou aquele plug de 3 reais extremamente frágil. Também não é para sair jogando fora se é o único que você possui, ainda não, use com moderação, tome o dobro de cuidado e siga firme trabalhando para adquirir algo melhor dentro de suas condições.

Pesquise sobre seu instrumento e equipamentos…

Pense que somente um bom jogo de cordas para violão custa em torno de R$ 50,00, uma boa captação modelo de entrada não custa menos que R$ 250,00, ou seja, se o violão custa menos que R$ 300 e nem colocamos na conta a madeira, acessórios, trabalho de quem produziu, margem de lucro, comissão do vendedor e impostos, não podemos esperar um produto profissional, no máximo um produto para estudante de baixo custo.

No caso do amplificador de guitarra, considerando de 70w a 100w, um falante honesto de entrada para guitarra custa na faixa dos R$ 250,00, um mediano nacional de boa qualidade uns R$ 450,00, um falante importado dos mais requisitados não custa menos que R$ 1000,00, ou seja, um amplificador mediano com um bom falante tem um inicial meio salgado, começando ai na faixa dos R$ 2.000,00 (novo).

Se deixar por conta dos músicos e técnicos mal preparados das igrejas será necessário um rio de dinheiro para dar conta, pois tudo se resolve comprando equipamentos mais caros, e aqueles que tem dinheiro e acabam adquirindo nem sempre usufruem de mais qualidade, tem um ganho aparente, mas dificilmente extraem todo o potencial do equipamento.

Temos casos interessantes aqui no Brasil como os captadores Malagoli e falantes Voghan, ambos apresentam preços excelentes e qualidade que competem diretamente com os importados, custando metade ou menos. Afirmo com toda certeza que você não precisa comprar um jogo de captadores fender original, substitua por um Malagoli, ganha a mesma qualidade, timbre sensacional e um preço melhor ainda. Sobre os falantes Voghan, tem modelos para todos os gostos e vários reviews no youtube onde é possível comparar eles com os importados.

Dinheiro suado

Aprendi que quando estamos lidando com o dinheiro das doações dos irmãos, estamos lidando com a fé e o amor depositados por eles na instituição. Temos que ser cuidadosos, usar com um zelo superior ao que aplicamos ao nosso próprio dinheiro, se for preciso espere, pesquise mais, mas não erre na hora de comprar.

Acredito que este cuidado vale para seu próprio dinheiro e para o arrecadado pela igreja.

Seu irmão abre mãos de uma refeição, abre mão de uma roupa, de fazer algo pela família e por si mesmos para “investir no reino”, crendo que o dinheiro será bem aplicado e usado com sabedoria.

Menos pode ser mais

É isso mesmo, nem sempre comprar caixas maiores é significado de mais qualidade. Se a nota for tocada errada, com sujeira, desafinada ou com um pedal mal configurado fará com que a caixa maior evidencie estes problemas em uma escala bem maior. Pense o som ruim multiplicado em volume por 2x, 3x ou mais vezes.

Usando a guitarra como exemplo, algumas vezes trocar o amplificador mais forte por um mais fraco, usando um microfone para lançar este som nas caixas (PA) pode ser mais eficaz. Em outros casos a retirada dos amplificadores e uso de simuladores podem apresentar excelentes resultados.

O uso de alto falantes de melhor qualidade mesmo em caixas mais simples podem fazer uma grande diferença, a troca dos captadores, cabos, uma blindagem, ou seja, cada parte do conjunto tem uma influência, mas não subestimem a importância da amplificação e das caixas, pois o objeto que reproduz o som precisa fazer com fidelidade.

Outro exemplo são com as caixas que enviam o som para a igreja, ter o tamanho adequado para o ambiente é mais eficiente do que um som maior que o necessário, ter um som maior irá exigir que os operadores saibam limitar ao necessário para o ambiente.

Outro exemplo, nem sempre o microfone mais top e legal é o adequado para o local, voz ou aplicação, se escolher errado a vida dos operadores ficará complicada, pois terá que aprender a corrigir os erros da escolha do equipamento.

Tenho um bom jogo de microfones contendo Beta 58 (multi uso), Beta 87a (condensador), SM7B e 55sh, todos sensacionais. Com exceção do Beta 58, os demais dependendo o ambiente podem apresentar comportamentos estranhos e acabar causando mais dores de cabeça, se não tiver uma boa mesa e controles adequados eles podem dar bastante trabalho para chegar em uma boa regulagem.

O problema nem sempre é o equipamento

Sistemas falhando, microfones sem fio com chiado e caixas com perda de potência causadas por problema na rede elétrica mal dimensionada, sem aterramento, sem isolamento. Um sistema de som não deveria nunca estar na mesma rede das tomadas da cozinha da igreja ou do banheiro.

Pastores, ministros e cantores colocando seus microfones na distância errada, acima da recomendada pelo manual, ou posicionados de forma a prejudicar a captação. Em casos extremos pessoas colando o microfone na boca e berrando sem saber se o mesmo conseguirá suportar e reproduzir histeria sem distorção.

*** Basta observar alguns pregadores que berram ao microfone e saem com voz distorcida, parecendo cantores de rock pesado, efeito que pode ser causado pelo microfone que não consegue captar os berros, horas pela mesa ou das caixas que não suportam o som. O mais interessante é que esta distorção era comum no passado e muitos pregadores começaram a imitar a distorção dos equipamentos e virou um estilo, pobre da voz deste povo.

Microfones possuem limite de pressão sonora que ele pode absorver, o que passa disso ele irá distorcer. E é importante se atentar que microfones bons podem ser mais sensíveis a estas distorções do que os mais baratos, os baratinhos não prezam pela qualidade e podem aguentar uns berros que os mais tops não aguentam, mas isso não é uma regra para todos, tem que avaliar no manual e testar.

Se com um gritando a coisa pode ficar ruim, agora imagine com 3, 4 ou mais vozes gritando com vários instrumentos também gritando em suas caixas, não tem equipamento de som que resolva uma má educação musical, preguiça e desprezo pela qualidade. O caso é sério, os crentes parece que entraram umas 3 vezes na fila da falta de noção e juízo.

Pude presenciar algumas situações onde apenas trocando a pessoa que usa o instrumento a melhora no som foi significativa.

Um caso que ocorreu comigo foi um músico amigo tocando o violão fender e reclamando do timbre, que o som estava muito ardido e que o operador de som não estava regulando direito. Ao pedir minha ajuda a primeira coisa que fiz foi pegar o violão, em seguida um ajuste leve na equalização do próprio violão e toquei, foi o suficiente para perceber uma boa diferença. A técnica empregada no uso da palheta foi a grande responsável pela melhora do timbre, o outro músico estava exercendo muita força ao tocar, ao ponto de levar as cordas ao estresse sonoro. No caso aqui o timbre do violão, cordas, madeira e captadores se colocados em situação de stress geram distorções nas frequências acima de 1200hz.

Outro caso ocorreu em um workshop que promovi, trouxe um tecladista amigo, fera em soul e black, pedi para que não trouxesse seu teclado e usasse o do tecladista que nos acompanhava e reclamava do timbre do piano e do pad. Este tecladista que veio para ministrar no WorkShop simplesmente usou o mesmo timbre de piano e pad, empregando uma boa técnica e poucos ajustes, era como se fosse outro teclado, um mesmo instrumento e timbre em mãos diferentes.

Outra caso interessante, um colega adquiriu um violão importado e ficou alguns meses com ele, som maravilhoso, após um tempo ele optou em fazer um upgrade para um modelo superior 3 séries acima, o que em tese ofereceria um timbre melhor segundo o entendimento comum, mas na prática o resultado não foi o esperado, o timbre da linha acima não era o mais indicado para Worship, com nuances de médios agudos e agudos acima do esperado, bem característico do Country, o que gerou certa frustração, por sorte conseguiu desfazer o negócio.

O operador do som é o culpado?

Assim como a tecnologia não faz milagres, mesmo um bom técnico preparado também não é capaz de fazer milagres quando os músicos e cantores são totalmente sem noção. E não adianta jogar nas costas só do técnico, todos os envolvidos na geração e reprodução do som são responsáveis pela qualidade.

O operador da mesa de som tenta na medida do possível corrigir os problemas da geração do som, mas os recursos são limitados. Até existem equipamentos mais poderosos, mas quem pode gastar de R$ 200 mil a R$ 500 mil em uma mesa de som e computadores só para corrigir os erros dos músicos? Ficou curioso, pesquise por Waves SoundGrid Systems.

Mas como saber o que está errado?

Vou chutar um número baseado nos problemas que passei, de cada 20 problemas 19 são falha humana e 1 é reflexo de uma das 19 falhas humanas. O índice de quebra ou queima natural de equipamentos é muito baixa, mesmo em equipamentos baratos, quando ocorre normalmente é associada ao mal uso.

Experiência e conhecimento teórico são a formula básica para resolver esta equação, mas vale se atentar nestes detalhes:

  • Os técnicos fizeram treinamento ou leram todos os manuais de instruções?
  • Quanto estudo foi empregado na preparação daqueles que usam e operam o som?
  • O quanto conheço meu instrumento, seus componentes, seus pontos fortes e fracos?
  • O quanto conheço o equipamento que irá reproduzir (caixas, placas, notes, tablets) o som que for produzido pelo meu instrumento?
  • O tamanho e potência é adequado a necessidade?
  • O equipamento está sendo utilizado da maneira correta?

Pastores e líderes…

Antes de sair comprando tudo que seus músicos e técnicos pedem, invista em capacitação do seu time, mas não contrate qualquer um, saber um pouco mais que seus técnicos não é sinônimo de capacitação.

Busque uma consultoria especializada para auxiliar na tomada de decisão caso não se sinta seguro com as solicitações do seus liderados.

Músicos, cantores e técnicos de som

Não abusem de sua posição diferenciada e da falta de conhecimento técnico dos seus líderes e pastores, o dinheiro arrecadado na igreja deveria ter como prioridade ajudar os necessitados e infelizmente não inclui os necessitados por equipamentos melhores.

Cada centavo investimento deve ser avaliado e pensado com maturidade e responsabilidade, evitando erros na aquisição de equipamentos, equipamentos bons são caros e não há muita margem para erro, por isso entenda que na hora de comprar e gastar este dinheiro não chute, não use de adivinhação, seja humilde e busque apoio profissional.

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